"Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente." [Étienne de La Boétie, Discurso Sobre a Servidão Voluntária, 1549].
quinta-feira, 18 de maio de 2017
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Entrevista com Antonio Candido:
"O senhor é socialista?"
"Ah, claro, inteiramente.
Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo.
E não é paradoxo.
O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo.
Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o
chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser
explorado.
Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso.
Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças.
Coisas que hoje são banais.
Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo."
"Ah, claro, inteiramente.
Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo.
E não é paradoxo.
O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo.
Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o
chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser
explorado.
Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso.
Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças.
Coisas que hoje são banais.
Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo."
Antonio Candido de Mello e Souza.
quarta-feira, 26 de abril de 2017
"Ele pode estar olhando as suas fotos. Neste exato momento. Porque não? Passou-se muito tempo. Detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça todas as coisas que você faz. Escondida. Sem deixar rastro nem pistas. Talvez ele faça aquela cara de dengoso e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim preferir o silêncio. Ele pode reler seus bilhetes, procurar o seu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez ele perceba que você faz falta. E diferença. De alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado inverno em Paris. Talvez ele volte. Você confia nele? Ou não."
terça-feira, 21 de março de 2017
Parafraseando Brecht...
Primeiro levaram os negros
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
Depois levaram os gays
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
Depois levaram os gays
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
Em seguida, levaram as mulheres
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
O lugar de fala,
Não disse nada.
Levaram também os miseráveis
Mas como não era meu
O lugar de fala,
Não disse nada.
O lugar de fala,
Não disse nada.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como é meu
O lugar de fala,
Ninguém disse nada...
segunda-feira, 20 de março de 2017
"Comida de Exu é tudo quanto a boca prova e come, mas bebida é uma só, a cachaça pura. Nas encruzilhadas Exu aguarda sentado sobre a noite para tornar o caminho mais difícil, o mais estreito e complicado, o mau caminho no dizer geral, pois Exu só quer saber de reinação. Exu mais reinador o de Vadinho." (Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1966).
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Tenho amigos gays que detestam serem chamados de "viado",
porque para eles é um termo sempre pejorativo independentemente do contexto, outros adoram, acham positivo, afirmativo. Assim como também o termo "sapatão" para algumas amigas lésbicas é auto-afirmação, para outras é depreciativo e preconceituoso. Quer dizer, às vezes alguns grupelhos ressignificam os termos para um novo padrão que agora é positivo para eles, mas nem sempre as pessoas envolvidas aceitam, absorvem e concordam.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Eu só consigo ficar com garotas-feministas,
o que é ótimo para rever os machismos nossos de cada dia que passam quase que imperceptíveis, mas o que me deixa pra baixo é ver que muitas vezes elas também têm atitudes machistas comigo, esperando um comportamento-padrão-héteronormativo que às vezes a gente só descobre quando termina...
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