sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Extremos da Paixão.
"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo...".
Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo.E exigimos o terno do perecível, loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolos em face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.
Caio F. em Pequenas Epifanias.
http://semamorsoaloucura.blogspot.com.br/2006/11/extremos-da-paixo.html
http://semamorsoaloucura.blogspot.com.br/2006/11/extremos-da-paixo.html
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Não te amo mais,
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis,
Tenho certeza que
Nada foi em vão,
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada,
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor,
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Clarice Lispector*.
Ainda te quero como sempre quis,
Tenho certeza que
Nada foi em vão,
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada,
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor,
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Clarice Lispector*.
*Não sei se é mesmo da Clarice, mas sei que às vezes se lê de baixo para cima.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Simone de Beauvoir foi dispensada por Albert Camus,
Para ler ao som das feministas do Bulimia.
certamente porque ele era machista e sexista, já que ele disse que seria chato ficar com ela porque ela fala demais como uma intelectual¹ e ele, por ser homem, não aceitava que a mulher tivesse as mesmas capacidades que ele, como pensavam os gregos e como infelizmente ainda pensam muitos homens e também muitas mulheres, sem perceberem que o machismo é prejudicial para todo mundo, por isso Jean-Paul Sartre, que a chamava carinhosamente de "Castor", incentivou sempre Simone a ser quem ela quisesse ser, apoiando os seus trabalhos como escritora, como ela também fazia com ele, por isso seria difícil imaginar um ménage à trois entre eles e ela, como pensam algumas pessoas, enfim, Camus perdeu a oportunidade de ter o afeto de uma das mulheres mais lindas e, por falar nisso, levando em conta que aqui no Ceará há mais ou menos 200 mil mulheres a mais do que homens, proporcionalmente podemos dizer que por aqui há muita Simone de Beauvoir para pouco Sartre...
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.
Punk Rock Não É Só Pro Seu Namorado
[Bulimia]
O que te impede de lutar?!
O que te impede de falar?!
Pare de se esconder!
Você não é pior que ninguém!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
Você sempre quis tocar!
Você sempre quis andar de skate!
Você que sempre quis, quis, quis!
Você não é um enfeite!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
Faça o que tiver vontade!
Mostre o que você pensa!
Tenha a sua personalidade!
Não se esconda atrás de um homem!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
Punk Rock não é só pro seu namorado!
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
— E você, por que desvia o olhar?
(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)
— Ah. Porque eu sou tímida.
Rita Apoena.
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