"Para nós, o que ressoa nos confins dessa longa aventura revoltada não são fórmulas de otimismo, que não têm utilidade no extremo de nossa desgraça, mas sim palavras de coragem e de inteligência, que, junto ao mar, são até mesmo virtude." (Albert Camus, "Além do Niilismo" em O Homem Revoltado, 1951)
sábado, 17 de setembro de 2016
sábado, 3 de setembro de 2016
Um golpe na democracia burguesa não é de se surpreender,
pois a trapaça faz parte desse jogo, o que me assusta são os golpes na micro-política do dia-a-dia, os micro-fascismos que fecham os diálogos, os sectarismos anti-democráticos, os autoritarismos nas relações, os abusos de poder nas micro-instituições, a desonestidade até nas lutas minoritárias, os silenciamentos nos engajamentos do cotidiano, enfim, há vários tipos de golpes na democracia, não só na do voto de dois em dois anos...
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
“Como dizer para nomeá-la? Não direi vulva, vagina, boceta, babaca, não direi, como então designá-la? Ai falta-me o dom da poesia para criar a imagem justa, encontrar comparação para a incomparável. Queria coroá-la com as flores do poema, falta-me a inspiração do bardo, a frágua mágica do vate, prosador terra-a-terra não sei como denominá-la, não a mereço.
Flor de cactos, trago de aguardente, cratera de vulcão, a engole-pau, a feita de cravo e de canela, poço sem fundo, porta-do-oriente, mansão de árabe, mesquita, precipício, a xoxota em fogo de Gabriela.
La chatte de madame, pasto de miosótis, campo de papoulas, chão dos prazeres, mapa do refinamento, mestra de meninos, gata em cio, matriz do ipsilone, o xibiu doutor honoris causa de Tieta.
Os três vinténs, a vendida, a comprada, a violada, a conspurcada, fonte de mel, barra da manhã, luz de candeeiro, labareda, nascente d’água, foz de rio, concha do mar, ai a boca do mundo de Tereza.
Não direi rosa chá, marulho, fogo do inferno, bálsamo da estrovenga, o altar-mor, a gruta escura, a aurora, a noite, a estrela, a colina do deleite, o ostíolo, a buça de chupeta, a madona, a contadina, a pazza, a louca de albano, la mamma, a prova dos nove, os nove-fora, lar da pudicícia, porta de devassidão, apocalipse, não direi abismo onde faleço e ressuscito, não direi mãe de Deus, mulher do cão.
Irei buscá-la onde um dia a coloquei para resguardá-la, a escondi lá onde sabes, no xis de dona Flor, e direi a peladinha de Euá. Direi a peladinha e tu entenderás que a ela me refiro, tomarás da chave da adivinha e abrirás a porta do tabernáculo, cavaleiro e montaria, amazona bravia e árdego ginete percorreremos os caminhos. Minha égua se chama a peladinha, teu cavalo se nomeia o bom de trote e de galope.
Na hora derradeira quero nela pousar a mão, tocar-lhe a penugem, a pétala do grelo, sentir-lhe a doce consistência, a maciez, nela depositar meu último suspiro…”
(Jorge Amado, em Navegação de Cabotagem)
http://www.socialistamorena.com.br/jorge-amado-as-mulheres-e-as-flores-da-chapada-diamantina/
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Quando eu era artista, eu tinha um devir-bruxo,
pois, assim como os artistas, os bruxos mudam as coisas, criam, transfiguram, mas hoje em dia eu acho que o único truque que ainda sei fazer é o de desaparecer...
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Sugestões para atravessar Agosto II:
trepe,
chupe,
lamba,
cheire,
beije,
morda,
aperte,
alise,
azunhe,
arranhe,
arranhe,
belisque,
suspire,
gema,
goze,
grite...
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Sugestões para atravessar Agosto.
rebele-se,
lute,
enfrente,
denuncie,
combata,
proteste,
proteste,
organize-se,
exija,
defenda,
deseje,
reivindique,
brigue,
reclame,
pense, aja, revolte-se...
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