porque para eles é um termo sempre pejorativo independentemente do contexto, outros adoram, acham positivo, afirmativo. Assim como também o termo "sapatão" para algumas amigas lésbicas é auto-afirmação, para outras é depreciativo e preconceituoso. Quer dizer, às vezes alguns grupelhos ressignificam os termos para um novo padrão que agora é positivo para eles, mas nem sempre as pessoas envolvidas aceitam, absorvem e concordam.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Eu só consigo ficar com garotas-feministas,
o que é ótimo para rever os machismos nossos de cada dia que passam quase que imperceptíveis, mas o que me deixa pra baixo é ver que muitas vezes elas também têm atitudes machistas comigo, esperando um comportamento-padrão-héteronormativo que às vezes a gente só descobre quando termina...
domingo, 15 de janeiro de 2017
"- Tem certeza de que vai ficar bom? - perguntava Louise, com o rosto desfeito.
- Vai ficar bom.
No cômodo, Rateau olhava para a tela, inteiramente branca, no centro da qual Jonas escrevera apenas, com letra muito pequena, uma palavra que se podia decifrar, mas não se podia saber, ao certo, se era solitário ou solidário."
(Albert Camus, O Exílio e o Reino, "Jonas ou o Artista do Trabalho", 1957).
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
De todas as decrepitudes, a do amor é a mais insuportável.
O amor é uma imagem da nossa vida. Tanto o primeiro como a segunda estão sujeitos às mesmas revoluções e mudanças. A sua juventude é resplandecente, alegre e cheia de esperanças porque somos felizes por ser jovens tal como somos felizes por amar. Este agradabilíssimo estado leva-nos a procurar outros bens muito sólidos. Não nos contentamos nessa fase da vida com o facto de subsistirmos, queremos progredir, ocupamo-nos com os meios para nos aperfeiçoarmos e para assegurar a nossa boa sorte. Procuramos a proteção dos ministros, mostrando-nos solícitos e não aguentamos que outrem queira o mesmo que temos em vista. Este estímulo cumula-nos de mil trabalhos e esforços que logo se apagam quando alcançamos o desejado. Todas as nossas paixões ficam então satisfeitas e nem por sombras podemos imaginar que a nossa felicidade tenha fim. No entanto, esta felicidade raramente dura muito e fatiga-se da graça da novidade. Para possuirmos o que desejamos não paramos de desejar mais e mais. Habituamo-nos ao que temos, mas os mesmos haveres não conservam o seu preço, como nem sempre nos tocam do mesmo modo. Mudamos imperceptivelmente sem disso nos apercebermos. O que já adquirimos torna-se parte de nós mesmos e sofreríamos muito com a sua perda, mas já não somos sensíveis ao prazer de conservar o adquirido. A alegria já não é viva, procuramos noutro lado que não naquele que tanto desejamos. Esta inconstância involuntária acontece com o tempo que, sem querermos, não perdoa: mexe no nosso amor e na nossa vida. Apaga sub-repticiamente dia-a-dia algo da nossa juventude e da nossa alegria, destruindo os nossos maiores encantos. Tornamo-nos mais circunspectos e juntamos negócios às paixões. O amor já não subsiste por si mesmo, indo alimentar-se de ajudas exteriores. Este estádio do amor corresponde àquela idade em que começamos a ver por onde devemos acabar com ele, mas não temos a força para acabar diretamente. No declínio, no amor como no da vida, ninguém quer resolver-se a evitar a maneira de prevenir os desgostos que ainda estão por vir; ainda se vive para aceitar os males futuros, mas não para os prazeres. Os ciúmes, a desconfiança, o medo de nos tornarmos maçadores e o medo que nos abandonem são males ligados à velhice do amor, tal como as doenças se agarram à demasiado longa duração da vida. Nesta idade, sentimo-nos viver, porque sentimos que estamos doentes, como só sabemos que estamos apaixonados quando sentimos as penas do amor. Só se sai do adormecimento das relações demasiado longas pelo enfado e pelo desgosto de ainda nos vermos agarrados. Enfim, de todas as decrepitudes, a do amor é a mais insuportável.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
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