quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Vivemos em tempos em que a tecnologia facilitaria a democracia direta,

porém, como o acesso à educação e à cultura em um nível abrangente o suficiente ainda está longe de se concretizar, sabemos que no momento atual se o povo pudesse decidir diretamente sobre as principais questões sociais e políticas, provavelmente seria decidido em sua maioria os retrocessos mais conservadores possíveis, entretanto, penso eu que no nível micropolítico o uso das tecnologias como uma forma de exercitar a democracia direta em grupos, ongs, conselhos, entidades de base, comunidades etc. é demasiado válido, mas é uma pena que mesmo nos lugares que se dizem mais democráticos ainda prevaleçam tomadas de decisões autoritárias...

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O cara mais punk que eu já conheci não tinha moicano,

não tinha coturno, não tinha piercing, não tinha banda, não tinha tatuagem, nem roupa rasgada, não tinha pose, nem caras-e-bocas, usava camisa de botão, calça jeans padrão, óculos quadrado e cabelo penteado, mas quando entrava na sala, parecia uma metralhadora revolucionária, com uma potência extraordinária, a cada palavra a gente mudava, se inquietava, questionava, hackeava o sistema e a cada aula a gente voltava pra casa com a vida transfigurada...

sábado, 14 de outubro de 2017

Deleuze e os signos.

Aquário: devir-minoritário
Peixes: bloco de sensações
Áries: modo de subjetivação capitalístico
Touro: plano de imanência
Gêmeos: diferença & repetição
Câncer: devir-mulher
Leão: ritornelo
Virgem: anti-édipo
Libra: molar & molecular
Escorpião: rizoma
Sagitário: esquizoanálise
Capricórnio: desterritorialização

sábado, 22 de julho de 2017

O engajamento tem os seus espaços de fuga,

os momentos em que percebemos que mesmo quem passa o dia postando, por exemplo, sobre o machismo do dia-a-dia, frequentemente nos bastidores da vida podem rir de piadas falocêntricas ou compartilhar ideias patriarcais, ou seja, qualquer ideia de uma militância purista e isenta de contradições estará equivocada, mas isso nem sempre é perceptível, pois às vezes as pessoas se mostram para se ocultarem...

sexta-feira, 19 de maio de 2017

"E despreza-se um homem que sente ciúme de sua mulher, porque isso testemunha que não a ama seriamente e que alimenta má opinião de si ou dela: digo que não a ama seriamente; pois, se nutrisse um verdadeiro amor por ela, não teria a menor inclinação para dela desconfiar; mas não é a ela que propriamente ama, mas somente o bem que imaginava consistir em sua posse exclusiva; e não temeria perder este bem, caso não julgasse que é indigno dele ou então que sua mulher é infiel. Além disso, esta paixão relaciona-se apenas a suspeitas e desconfianças, pois não é propriamente ser ciumento esforçar-se por evitar qualquer mal, quando se tem justo motivo de receá-lo" (Poderia ser Simone de Beauvoir, mas é René Descartes em "As Paixões da Alma" em 1649).

quinta-feira, 18 de maio de 2017

"Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente." [Étienne de La Boétie, Discurso Sobre a Servidão Voluntária, 1549].

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Entrevista com Antonio Candido:

"O senhor é socialista?"
"Ah, claro, inteiramente.
Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo.
E não é paradoxo.
O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo.
Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o
chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser
explorado.
Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso.
Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças.
Coisas que hoje são banais.
Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo."

Antonio Candido de Mello e Souza.