Em 1949 Camus visitou a penitenciária do Carandiru, em São Paulo e escreveu em seu Diário:
"Às três horas, levam-me, não sei bem por que, à penitenciária da cidade, 'a mais bela do Brasil'. É 'bela', na verdade, como um presídio de filme americano. A não ser pelo cheiro, o cheiro horrível de homens que se impregna em todas as prisões. Grades, portas de ferro, grades, portas etc. E, de quando em quando, um letreiro: 'Seja bom' e sobretudo 'Otimismo'. Sinto vergonha de um ou dois detentos, aliás privilegiados, que fazem o serviço da prisão. O psiquiatra me chateia com as classificações das mentalidades perversas. E alguém me diz, ao sair, a fórmula ritual: 'Aqui, você está em sua casa' (...) Andrade [Oswald] me informa que, no presídio-modelo, já se viram detentos suicidarem-se batendo a cabeça contra as paredes e apertando a garganta numa gaveta até a asfixia". CAMUS, Albert. Diário de Viagem. Trad. Valerie Rumjanek, Rio de Janeiro: Editora Record, pgs. 98-99, 2004.