"O Manó garante que os duendes são amor em estado puro. Quer dizer, amam o tempo todo, não param nunca. Eles amam como respiram. Só às vezes eles param de amar pra trabalhar, produzir, procriar. Cê já imaginou? Não precisam de sexo pra amar e criar, só pra procriar. Sei lá que que eu acho disso, é muita coisa junta, por exemplo: eles não sabem nada de lógica e de tempo, não existe causa e efeito, saca? As coisas acontecem dum jeito porque sempre aconteceram assim e fim de papo. Um negócio meio complicado, acreditam numa espécie de destino programado, uma coisa cíclica como o dia e a noite, as quatro estações. Não existe tempo, doutor, não existe tempo! Eles não sabem o que é passado e futuro, isso é demais, é o sentido vertical da existência! A memória é uma coisa fora deles, é um livro, uma foto. O que o Manó sente e percebe é só na hora que ele vive isso, saca? Sei que ele gosta de mim, mas cada vez que ele me vê é como se fosse a primeira e última vez! Cê tem que vir pra cá conversar com ele, conhecer diretamente, vai dar pra entender melhor, acho que não tou conseguindo te explicar direito".
(Coiote- Roberto Freire).
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