Ultimamente eu tenho visto de perto o quanto a monogamia é uma mentira e fico pensando em Poliamor. Porém, Poliamor não é algo que a gente escolhe, acontece. E eu prefiro assumir para o mundo, mesmo com todas as consequências, boas ou ruins. Mas só me envolvo nesse tipo de relacionamento quando todas as pessoas envolvidas estão cientes do que está acontecendo, pois eu acho que a verdade ainda é o que temos de melhor para compartilhar.
Acho que não é preciso convencer ninguém de nada, pois o Amor Livre não é uma religião que está precisando de novos adeptos, eu só tenho batido nessa tecla porque tenho me incomodado um bocado com algumas coisas. A monogamia talvez seja um caminho mais seguro, mas é menos profundo. E como dizia o MiLLôR: "A monogamia é a capacidade de ser infiel à mesma pessoa durante a vida inteira".
Por que não existe uma palavra apenas para descrever o prazer de dançar? A dança pertence ao reino do inefável, daquilo que os filósofos não sabem explicar porque não sabem dançar. Nietzsche dizia que não acreditava em um deus que não dance, nós não acreditamos em um filósofo que não dance. Filósofos que não dançam: isso é sintomático. Ao dançar, não se pode dissimular quem se é ou o que se é: o que dissimulamos com as palavras, confessamos com o corpo. Nesse sentido, como se pode falar daquilo que é sem se deixar ser quem se é? Mire-veja uma criança dançando: elas nos mostram como realmente somos sem a rigidez do gênero, sem o preconceito corporal-linguístico, sem as falsas ideias de liberdade. Mas a filosofia não dança como uma criança porque os filósofos não dançam. Dancem filósofos, dancem! No passinho do reggae, na roda de pogo, no compasso da ciranda, chorando no brega, no forró abufelado... partam todas as couraças dançando lambada! Quem não dança, fica enrijecido e corpos enrijecidos produzem filosofias enrijecidas e filosofias enrijecidas não produzem conhecimento, nem sabedoria. E sem sabedoria não há Filosofia! Parafraseando Emma Goldman: se eu não posso dançar, não é minha filosofia!
Os jargões políticos eurocêntricos dividem o mundo político simplificando tudo apenas em "direita" e "esquerda" em um binarismo sectário, mas particularmente ainda acredito mais na multiplicidade e procuro entender os fatos políticos de várias formas, incluindo o máximo de pontos de vista possíveis, como dos anarquistas, dos cristãos, dos hippies, dos poetas, dos bêbados, dos drogados, dos administradores, dos psicólogos, dos educadores sociais, dos anarco-punks etc, também a partir das paixões, das contingências, dos acasos, dos detalhes, sem fixar e cristalizar tudo em apenas um ponto de vista para não excluir a alteridade, como no método pascaliano do século 17. Por influência do argelino Albert Camus, não tenho tanta "fé" na razão para acreditar em um sistema qualquer, seja político, filosófico ou religioso e nem tanta presunção como nos sistemas totalizantes, mas nessa estrutura binária que divide o mundo político apenas em dois sistemas, entendo quando um sociólogo diz que a extrema esquerda faz tudo o que não deveria ser feito, mas que ela tem um papel muito importante que é de não deixar a esquerda enveredar para a direita, com vandalismo, com violência, com radicalismos, com quebra-quebra, com pichações, com pedradas, incêndios, pauladas etc, pois, nessa "dialética do senhor e do escravo", entendo que os escravos cansaram de ficar de joelho e se insurgem da forma que encontram e que nenhum moralismo de gabinete poderá deter. Entretanto, entendo também que o militarismo da extrema esquerda se aproveitará das revoltas para impor as suas ideologias e verdades de vanguarda (principalmente os que não se dizem de vanguarda) e neste sentido penso que é preciso encontrar um equilíbrio, pois os sistemas políticos mais extremos sempre tendem para a tirania e o fascismo. Enquanto as ideias dos colonizadores fomentarem o nosso pensamento de colonizados, não creio que haverão grandes mudanças nas formas de se fazer política longe da Europa e dos Estados Unidos. Não acho interessante simplesmente excluir o pensamento europeu, mas sim o eurocentrismo, então entendo que se faz necessário pensarmos outras formas de nos organizarmos politicamente, levando em conta, por exemplo, as nossas heranças africanas e indígenas, deixando os nossos espíritos revoltados livres para destruir quando for preciso, mas principalmente para construir a todo instante no cotidiano...
A falta de honestidade intelectual de alguns consiste em considerar ingênuo qualquer pensamento político que escape à cartilha neo-hegeliana. Entretanto, as políticas que se baseiam em filosofias da história sempre degeneram em sistemas concentratórios, burocracias que matam o espírito da revolta e as suas origens libertárias.
O esquecimento das origens da revolta faz a práxis política derivar para a servidão ou para a tirania. A partir deste esquecimento, o revoltado torna-se um revolucionário que deseja construir um mundo que não existe – e que por isso nega o mundo do qual nasceu sua cumplicidade coletiva contra a injustiça.
O espírito revoltado possui uma alternância entre a nostalgia de justiça e a consciência de sua impossibilidade em um mundo regido pelo acaso. No plano do conhecimento, isto significa desconfiar daqueles que descobrem uma lei da história e fazem desta lei um mandamento impiedoso que tudo ignora, já que o valor estaria na própria lei e só apareceria quando a curva dos tempos se completasse com a terrível ideia de uma civilização superior travestida de emancipação humana.
Todo movimento político tem como fundo uma revolta metafísica contra a injustiça primordial da condição humana e o esquecimento desta dimensão metafísica e ética faz com que as revoluções degenerem em tirania e, portanto, em uma injustiça secularizada.
Recusamos o messianismo ideológico do revolucionário mas também o niilismo do desesperado. O espírito revoltado tem consciência de que o seu engajamento tem limites e que portanto não trará nada melhor, mas somente outra coisa, pois ele não sonha com a perfeição do mundo.
Deus está morto em nossos corações mas a revolta daí decorrente não nos deve fazer esquecer que ela brota justamente do nosso apego às belezas & prazeres deste mundo e não da ruminação de um cotidiano mecânico & cinzento. Recusamos a resignação à injustiça social mas também a utopia de querer fazer reinar a justiça absoluta na história.
A revolução não será revolucionada, continuaremos como papagaios, repetindo perenemente as ideias europeias do século dezenove [mesmo que eles (os europeus) nem sequer considerem que a nossa história tenha alguma relevância a não ser do ponto de vista do escravo]. Continuaremos reproduzindo os mesmos jargões e os mesmos bordões que são mais europeus do que os próprios europeus, refletindo ideias que eles mesmos já nem acreditam. Ou seja, plagiaremos o que eles inventaram que seria a revolução, o que seria revolucionário, e continuaremos tomando-os pra nós como se fossem os nossos ideais.
Em meio ao sol, ainda nos vestiremos como eles e levantaremos as bandeiras deles acreditando que são nossas. Não haverá nada de novo, apenas mais do mesmo: cópias mal-feitas de ideologias que já nasceram mortas, sistemas distópicos reverenciados como se fossem utópicos, esperanças estéreis vendidas por falsos profetas, verdades escatológicas propagadas por proselitismos baratos, pseudo-revoltas que sempre caem nos mesmos erros.
Enquanto a Europa mostra-se agora frágil como a casa de um joão-de-barro, do lado de cá as nossas vanguardas revolucionárias continuam pensando através dos mesmos paradigmas deles, achando que estão no cerne das questões quando na verdade não chegaram ainda nem perto da periferia. A política nunca resolverá os nossos problemas e, consequentemente, a revolução nunca passará de uma a-topia, tanto do ponto de vista prático quanto do ponto de vista teórico. Sonhar é errar.
Documentário "A Revolução Não Será Televisionada".
Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
ao contrário do que muitas pessoas pensam, pois há mais de 10 anos quase tudo o que fiz envolvendo arte tinha uma intenção muito mais pedagógica de conduta de vida pessoal e coletiva, então, no máximo eu seria um arte-educador, mas como sou fruto de um Círculo de Cultura freireano e não da academia, a bem da verdade, apenas me considero um "Educador Popular", ou melhor, um "Animador Cultural de Círculo de Cultura", como aprendeu Paulo Freire com os africanos (apesar de ele não citá-los tanto), aprendemos a estudar não apenas lendo, mas dançando o tempo inteiro, cantando o tempo inteiro, tocando o tempo inteiro etc.
Sou a favor que se faça arte pela arte, como faço de vez em quando, mas essa não foi a opção que escolhi para fazer arte, o que não quer dizer que seja melhor ou pior e sei que por deixar as questões mais estéticas em segundo plano, acabei fazendo coisas nem tão bonitas para os artistas, mas sei que pedagogicamente foram sempre profundas, tanto pra mim quando para as outras pessoas, enquanto que nesses anos todos vi muitas coisas esteticamente lindas, mas muito feias de conteúdo e aprendi que nem tudo o que reluz é ouro...
Para ler ao som do carioca de Vila Isabel Noel Rosa.
O código penal distingue um do outro, bastante comodamente, pela premeditação. Estamos na época da premeditação e do crime perfeito. Nossos criminosos não são mais aquelas crianças desarmadas que invocavam a desculpa do amor. São, ao contrario, adultos, e seu álibi é irrefutável: a filosofia pode servir para tudo, até mesmo para transformar assassinos em juízes". [Albert Camus, início de O Homem Revoltado, 1951].
o maior romancista da Bahia, era comunista ateu e babalorixá ao mesmo tempo. Branco, foi deputado para ajudar a cultura negra. E se é verdade, como diz Camus, que todo romancista é filósofo (“Não se pensa senão por imagens. Se você quer ser filósofo, escreva romances” - Cahier I, 1936), o autor de “Dona Flor e seus dois maridos” também foi um dos grandes filósofos do mundo. E por falar nisso, Amado, que também era conhecido como Obá de Xangô do Ilê Apó Afonjá, levou o judeu ateu Sartre (de Oxalá) e a ateia católica por filiação Simone de Beauvoir (de Oxum) a um terreiro de Candomblé. Além disso, ao criarem uma grande amizade, ele apresentou ao casal as iguarias brasileiras como o suco de caju, cacau, maracujá, feijoada, feijão mulatinho, mandioca, batata-doce, carne-seca, rapadura e caipirinha... Salve Jorge!
Do livro "Dona Flor & seus dois maridos", do baiano Jorge Amado.
Uso blogs, twitter, tumblr, skype, orkut, msn etc e apenas porque não uso o Facebook sempre, algumas pessoas dizem que eu estou "sumido da internet" ou que eu sou "anti-social", é engraçado isso. O Facebook é uma rede social que agrega um pouco de várias outras redes e isso facilita muitas coisas, além de agregar a pessoas parecidas comigo, porém, como conversava com o meu primo há um tempo, na verdade o Facebook é tendencioso na medida em que está programado para que nós recebamos muitas informações semelhantes às nossas, gerando a falsa ideia de que a maioria das pessoas pensam igual a nós, quando se trata, a bem da verdade, também de uma estratégia de marketing para nos encherem de propagandas de coisas que talvez nos interessem, porque tudo o que a gente faz fica guardado automaticamente... Enfim, é por isso que tenho passado menos tempo na ~infernet~ e mais em lugares como estádios de futebol, que é o espaço aonde encontrei mais tipos de pessoas diferentes juntas, pra olhar pro mundo fora da internet e ver pessoas de todas as idades, raças, formas, classes sociais, credos e diversidades de pensamentos e outras coisas diferentes das minhas e não só quem pensa "igual" a mim, pra não achar que o mundo inteiro é a minha paróquia, como diz um amigo meu padre ou o meu gueto, como diz um amigo meu do movimento negro ou pra não virar mais um sectário, como diz um amigo meu libertário...
penso eu que devemos estar bem preparados, organizados, bem alimentados, descansados, lúcidos, planejados, emponderados, focados, unidos, articulados, informados, estruturados, não podemos ter simplesmente atitudes individuais, egoístas, centralizadas, totalitárias, sectárias, isoladas, fechadas, alienadas, pois é assim que eles conseguem o que querem, quando damos bobeira e eles se aproveitam quando estamos sozinhos; até o "balé" da cavalaria deles é estratégico, avaliado, pensado, assim como quase todas as suas atitudes, pode até ter quem discorde, mas é assim que eu leio a história, tanto antiga quanto recente das revoltas, inclusive contra a Ditadura Militar, por isso penso que não basta criatividade e espontaneísmo, as decisões necessitam sempre serem discutidas de forma coletiva, compartilhada, solidária, dialogada, conversada, socializada, caso contrário as manifestações cairão nos mesmos erros do passado e serão cada um por si e os militares contra todos e, como diz o ditado popular, por causa de um boi nós perdemos uma boiada...
Samuel na manifestação do dia 19.06.13 em Fortaleza.
Diário de Manifestação - Fortaleza/CE - 19.06.13 - Por: Samuel.
o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, aparece em seguida. São jogos. É preciso, antes de tudo, responder. E se é verdade, como pretende Nietzsche, que um filósofo, para ser estimado, deve pregar com o exemplo, percebe-se a importância dessa resposta, já que ela vai preceder o gesto definitivo. Estão aí as evidências que são sensíveis para o coração, mas que é preciso aprofundar para torná-las claras à inteligência". [Albert Camus, O Mito de Sísifo - Ensaio sobre o Absurdo, 1942].