quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Trecho de Utopia & Paixão - Roberto Freire.

"Toda perda amorosa, todo fim de relação, é coisa extremamente dolorosa. E tanto maior o prazer e a alegria de uma relação, maior a dor e a tristeza que serão provocadas quando do seu fim ou de sua perda. Mas, se sabemos realisticamente que todo amor terá sempre um fim e que algo ou tudo da relação pode ser destruído com o tempo, deveríamos, então, estar sempre preparados para enfrentar a dor. Enfim, a dor é também o amor. Porque a dor e o prazer no amor são uma só coisa, alternando-se como bússola a indicar as vitórias e os fracassos da sedução, do amor e da paixão nas relações afetivas. E o sentimento de onipotência, é o autoritarismo apropriativo que supõe e cobra o direito a vivermos apenas o prazer no amor. Acreditamos, porque já experimentamos mais de uma vez, que a dor pela perda ou destruição de um grande amor torna-se insuportável, consegue vencer a compreensão ideológica e nos desorganiza psicologicamente. Parece ser algo impossível de anestesiar e de consolar. E como poderia ser diferente se esse amor foi uma sedução permanente, uma paixão vertical, inédita, uma relação de suplementaridade, na qual beleza e prazer se confundiram num só sentimento e percepção? Como poderíamos sofrer menos quando o perdemos ou o vemos destruído irremediavelmente? Sempre nos sobrará, no mínimo, um terrível sentimento de culpa e, no máximo, o vazio abismal da solidão dos deuses decaídos. Mas nós aceitamos, queremos essa dor, mesmo que seja mortal, porque ela é o testemunho de que pelo menos durante algum tempo conhecemos a verdadeira face do amor. E só isso basta para justificar a vida".

Do filme Edukators.


Nenhum comentário:

Postar um comentário