quarta-feira, 27 de julho de 2016

Sobre amizade, engajamento e responsabilidade.

Uma vez me contaram que durante um desfile do dia da Independência um soldado do Exército estava marchando em ritmo diferente dos outros - enquanto todos faziam "1, 2", ele marchava  ao contrário, fazendo "2, 1". Um amigo dele assistindo da platéia disse: - vejam só, todos estão marchando errado e só o meu amigo está correto!

Às vezes as amizades são assim, para demonstrar que somos grandes amigos, dizemos até coisas que não são verdadeiras e acabamos até mesmo sendo injustos com outras pessoas por conta disso. Para defender um amigo, tudo é permitido?

E quando um grupo de amigos se engaja para defender causas justas não seria incoerente defender uma mentira mesmo para ajudar um amigo? E quando uma mentira defendida para proteger um amigo prejudica a coletividade?

No engajamento você sai do seu egoísmo do mundo pessoal e assume responsabilidades para com a coletividade e assim, independentemente das amizades, o que está em jogo nas ações são atitudes e palavras que levem em consideração a responsabilidade coletiva.

Somos livres para não nos engajar em nada, mas quando assumimos um compromisso com o coletivo, temos muitas vezes inclusive que fazer coisas que não podemos e que ainda assim damos um jeito para que aconteça de forma justa, sem prejudicar o coletivo.

Neste horizonte, do ponto de vista ético, diante de uma situação de injustiça, é preferível ser justo com o coletivo e não defender um amigo, para ser coerente, sobretudo, com o engajamento que busca  justiça para coletividades.

Em outras palavras, muitas vezes é preciso separar o engajamento da amizade para sermos éticos.

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