domingo, 13 de outubro de 2013

É preciso ter demasiada fé na razão

para acreditar em um sistema que seja capaz de dar conta de todos os aspectos da política a ponto de conseguir definir, por exemplo, o que é o Estado, pois sempre há algum aspecto que pode escapar da compreensão de algo tão complexo como a diversidade de sociabilidades envolvendo a religião, a economia, as intersubjetividades, a antropologia, a filosofia, o direito, o acaso, as paixões, os jogos etc., e é neste sentido que nenhum sistema político, por mais totalizante que seja, pode dar conta do que flui cotidianamente como a política em seu sentido mais amplo, pois a realidade sempre escapa às teorias e, neste sentido, as teorias sobre o Estado sempre tendem a ser limitadas, pois a política, em certos aspectos, é guiada muito mais pelo coração do que pela racionalidade e os grandes sistemas lógicos não podem dar conta do real, por mais presunção que se tenha sobre a realidade, além do que, quando o mundo concreto contradiz as teorias, o real é que passa a ser acusado de estar errado, quando, a bem da verdade, há sempre um aspecto limitado de toda teoria isolada que exclui outros aspectos que o racionalismo exagerado das teorias políticas nunca poderão abranger, na medida em que pretendem a partir de uma uniletariedade da razão (política) fomentar algo que não leva em consideração outras formas de se fazer política para além dos mesmos moldes que se fecharam como se fossem únicos, sobretudo, levando sempre em consideração a forma eurocêntrica de se fazer política, com repetições de modelos que geralmente não incluem as formas africanas ou latinas de se fazer política, por exemplo, como se não fizessem também parte da história mundial, por isso acredito que faz-se sempre necessário repensarmos os nossos conceitos políticos para além dos moldes pré-fabricados pela tradicional e conservadora racionalidade europeia...

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