quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Hoje Albert Camus faria 100 anos.


"Pelo fato de eu ser mulher - e, portanto, como era feudal, não inteiramente uma igual, -, acontecia-lhe confiar-se intimamente a mim: mandava-me ler passagens de seus caderninho de anotações, falava-me de seus problemas particulares. Voltava muitas vezes a um tema que o preocupava: seria preciso um dia escrever a verdade! O fato é que havia nele um fosso mais profundo que em muitos outros entre a vida e a obra. Quando saíamos juntos, bebendo, conversando, rindo, tarde da noite, ele era engraçado, cínico, meio canalha e muito gaulês em suas falas; confessava suas emoções, cedia aos seus impulsos; podia sentar-se na neve, à beira de uma calçada às duas da manhã, e meditar pateticamente sobre o amor. 'É preciso escolher: o amor ou dura ou queima; o drama é que não pode durar e queimar ao mesmo tempo'. Eu gostava do 'ardor' com o qual ele se entregava à vida e aos prazeres [...]".

[Simone de Beauvoir em Force of Circunstance apud Camus e Sartre: o polêmico fim de uma amizade no pós-guerra - Ronald Aronson].

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