A revolução não será revolucionada, continuaremos como papagaios, repetindo perenemente as ideias europeias do século dezenove [mesmo que eles (os europeus) nem sequer considerem que a nossa história tenha alguma relevância a não ser do ponto de vista do escravo]. Continuaremos reproduzindo os mesmos jargões e os mesmos bordões que são mais europeus do que os próprios europeus, refletindo ideias que eles mesmos já nem acreditam. Ou seja, plagiaremos o que eles inventaram que seria a revolução, o que seria revolucionário, e continuaremos tomando-os pra nós como se fossem os nossos ideais.
Em meio ao sol, ainda nos vestiremos como eles e levantaremos as bandeiras deles acreditando que são nossas. Não haverá nada de novo, apenas mais do mesmo: cópias mal-feitas de ideologias que já nasceram mortas, sistemas distópicos reverenciados como se fossem utópicos, esperanças estéreis vendidas por falsos profetas, verdades escatológicas propagadas por proselitismos baratos, pseudo-revoltas que sempre caem nos mesmos erros.
Enquanto a Europa mostra-se agora frágil como a casa de um joão-de-barro, do lado de cá as nossas vanguardas revolucionárias continuam pensando através dos mesmos paradigmas deles, achando que estão no cerne das questões quando na verdade não chegaram ainda nem perto da periferia. A política nunca resolverá os nossos problemas e, consequentemente, a revolução nunca passará de uma a-topia, tanto do ponto de vista prático quanto do ponto de vista teórico. Sonhar é errar.
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