Documentário "Com Vandalismo".
Os jargões políticos eurocêntricos dividem o mundo político simplificando tudo apenas em "direita" e "esquerda" em um binarismo sectário, mas particularmente ainda acredito mais na multiplicidade e procuro entender os fatos políticos de várias formas, incluindo o máximo de pontos de vista possíveis, como dos anarquistas, dos cristãos, dos hippies, dos poetas, dos bêbados, dos drogados, dos administradores, dos psicólogos, dos educadores sociais, dos anarco-punks etc, também a partir das paixões, das contingências, dos acasos, dos detalhes, sem fixar e cristalizar tudo em apenas um ponto de vista para não excluir a alteridade, como no método pascaliano do século 17. Por influência do argelino Albert Camus, não tenho tanta "fé" na razão para acreditar em um sistema qualquer, seja político, filosófico ou religioso e nem tanta presunção como nos sistemas totalizantes, mas nessa estrutura binária que divide o mundo político apenas em dois sistemas, entendo quando um sociólogo diz que a extrema esquerda faz tudo o que não deveria ser feito, mas que ela tem um papel muito importante que é de não deixar a esquerda enveredar para a direita, com vandalismo, com violência, com radicalismos, com quebra-quebra, com pichações, com pedradas, incêndios, pauladas etc, pois, nessa "dialética do senhor e do escravo", entendo que os escravos cansaram de ficar de joelho e se insurgem da forma que encontram e que nenhum moralismo de gabinete poderá deter. Entretanto, entendo também que o militarismo da extrema esquerda se aproveitará das revoltas para impor as suas ideologias e verdades de vanguarda (principalmente os que não se dizem de vanguarda) e neste sentido penso que é preciso encontrar um equilíbrio, pois os sistemas políticos mais extremos sempre tendem para a tirania e o fascismo. Enquanto as ideias dos colonizadores fomentarem o nosso pensamento de colonizados, não creio que haverão grandes mudanças nas formas de se fazer política longe da Europa e dos Estados Unidos. Não acho interessante simplesmente excluir o pensamento europeu, mas sim o eurocentrismo, então entendo que se faz necessário pensarmos outras formas de nos organizarmos politicamente, levando em conta, por exemplo, as nossas heranças africanas e indígenas, deixando os nossos espíritos revoltados livres para destruir quando for preciso, mas principalmente para construir a todo instante no cotidiano...
Nenhum comentário:
Postar um comentário